Do Haiti ao Sudão do Sul, boinas - azuis relatam rotina nas missões de paz.
Militares do Brasil e de Portugal destacam importância de seu trabalho para aumento da segurança em países em conflito; no Dia Internacional dos Boinas-Azuis, ONU honra os que perderam a vida em serviço.
Boinas-azuis da ONU no Sudão do Sul. Foto: Unmiss
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.*
Nesta quarta-feira, 29, Dia Internacional dos Boinas-Azuis, as Nações Unidas estão prestando uma homenagem aos profissionais que ajudam países em conflito ou em transição.
Em mensagem, o Secretário-Geral Ban Ki-moon lembra os 111 funcionários de operações de paz da ONU que morreram em serviço no ano passado. Ban saúda a coragem e lamenta as mortes dos boinas-azuis.
Milhares de Soldados
Segundo o Secretário-Geral, em quase 65 anos de história da organização, mais de 3,1 mil soldados de paz morreram. Atualmente, a ONU tem 16 missões de paz pelo mundo, com o apoio de 111 mil soldados de 116 países.
Na mais nova nação do mundo, o Sudão do Sul, trabalham militares de vários países, como Austrália, China, Estados Unidos e também do Brasil.
Contribuição
O major Clauber Rego integra a Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss. Com mais de 20 anos de carreira, ele contou à Rádio ONU, de Yambio, sudoeste do país, que ser um boina-azul é realizar um sonho da juventude.
"A gente tem podido contribuir com o aumento da segurança aqui no estado e nós sempre temos esse sonho. Eu lembro da minha época de tenente, quando o Brasil participava de missões em Angola e Moçambique, e nós sempre almejamos ter a oportunidade de contribuir numa missão de paz da ONU. Quando estamos em missão, nós aprendemos muito também. É um privilégio para nós militares do Exército Brasileiro contribuir nessas missões de paz ao redor do mundo."
Presença Feminina
Também na Unmiss trabalha a portuguesa Kátia Cristina da Silva. Da cidade de
Kátia da Silva com outros integrantes da Unmiss
Bentiu, no norte do Sudão do Sul, ela explicou que o papel das mulheres boinas-azuis é muito importante para as tropas conquistarem a confiança dos civis.
"Nós aqui trabalhamos, sobretudo, com prevenção de conflitos. Nas patrulhas, nós tentamos integrar, no mínimo, um elemento feminino, o que facilita bastante a comunicação com as mulheres. Neste momento, a situação que a mim mais preocupa são as mulheres que chegaram do norte com um grupo de milícias e que estão há um mês vivendo, literalmente, debaixo das árvores. Não têm abrigo nenhum. Ainda não conseguimos arranjar comida, mas estamos fazendo contatos."
Segundo o Secretário-Geral, tem aumentado a demanda pela implementação de operações "multi-dimensionais", com atenção especial à proteção de civis, em particular mulheres e crianças.
Atividades
Este é exatamente um dos focos da Missão de Estabilização da ONU no Haiti, Minustah. De Porto Príncipe, o coronel Ribeiro Rocha, chefe da Comunicação do batalhão brasileiro, falou sobre algumas das operações.
Batalhão do Brasil organiza brincadeiras no Haiti. Foto: Minustah
Segundo ele, o trabalho das tropas brasileiras vai além da missão militar, inclui ações sociais.
"A gente proporciona distribuição de água potável, que é um bem caro aqui no Haiti; alimentação; distração para as crianças, como brincadeiras, jogo de futebol, capoeira. A gente também realiza assistência médica e odontológica, distribuindo kits de higiene bucal. Também fazemos palestras de prevenção ao câncer de mama e ações preventivas com relação ao cólera."
Paz Duradoura
No Dia Internacional dos Boinas-Azuis, o Secretário-Geral lembra que as forças de paz da ONU trabalham ainda para ajudar a reformar as instituições nacionais e assim, garantir o Estado de direito.
Ban Ki-moon destaca que as missões se adaptam para cumprir seus mandatos de uma melhor maneira e "levar a paz duradoura a países arrasados por guerras".
*Com reportagem de Edgard Júnior.